“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”Amyr Klink

quarta-feira, 27 de abril de 2011

PRIMEIROS DIAS EM VANCOUVER

PRIMEIROS DIAS EM VANCOUVER


Enfim VANCOUVER!!! Um lindo domingo de primavera, ensolarado, muito azul e frio (em torno de 10°C), me recepcionou em Vancouver. Saindo do aeroporto a sensação de estar num local de primeiro mundo é forte e encantadora. Tudo perfeitamente limpo, organizado e bonito. A impressão é que se esta fazendo parte de um filme e a qualquer momento o diretor vai gritar corta!

Aconteceu comigo uma coisa que não deve acontecer a nenhum turista: fiquei com vergonha de tirar um monte de fotos, mas devia tê-lo feito, pois tenho certeza que as fotos daquela primeira impressão seriam diferentes de quaisquer outras que eu venha a tirar. Mas como se diz, vivendo, ou melhor, viajando e aprendendo...

Alguns devem estar com a seguinte dúvida nesse momento: valeu pagar o transfer que é muitoooooo mais caro que pegar um transporte publico do aeroporto? Essa resposta é muito pessoal, mas eu já, tendo vivido as duas experiências, particularmente acho que o conforto e segurança de alguém te buscar não tem preço. Essa decisão, além da questão financeira, deve levar em conta o cansaço após 28h de viagem, a força necessária para se arrastar 35 kg de bagagem e a falta de tempo para uma pesquisa prévia sobre as possibilidades. Portanto, mesmo hj sabendo que há metro, eu iria optar pelo transfer.

Fui recebida pela minha homestay, que mora num lugar fantástico, próximo ao mar e no centro de Vancouver. A Laara é uma pessoa muito especial. Ela é uma professora de inglês aposentada, que passa seu tempo viajando pelo mundo. Imagine um país? Ela certamente já esteve lá, aposto com vc. Ela me mostrou as redondezas, e depois de um rápido almoço voltamos para casa. Como eu já estava bem cansada, foi só a conta de tirar algumas coisas da mala, tomar um banho e ir para cama, afinal, meu dia seguinte seria cheio...

Vista do local onde estou morando





Na segunda-feira, não acordei nada bem. Minha garganta doía demais e eu não estava conseguindo engolir, falar ou respirar adequadamente. Até tentei ir para escola, mas meu corpo estava moído, e só passei lá para pegar meu material inicial. Via meu celular, que felizmente estava habilitado com roaming internacional, acionei meu plano de assistência medica no exterior. Quando contratei o plano me disseram que eu conseguiria fazer ligações a cobrar (collect call em inglês) caso necessário, mas não consegui, mesmo usando a telefonista da Embratel (1 800 463 6656), pois, conforme informação da mesma, o número só chamava.

Depois de algumas horas que eram para ser 50 minutos eles me mandaram para um clinica bem longe de onde eu estava e tive que ir me arrastando para lá (o pessoal da escola de inglês me ajudou a descobrir que ônibus eu tinha que pegar). Demorou bastante para eu ser atendida, e então qdo a medica viu minha garganta, não gostei nada da cara que ela fez... Ela me passou um antibiótico e me disse que se eu não me sentisse melhor em 24h (ou 48h, sei lá) devia ir para um hospital. Como assim Hospital?!Era o que me faltava!!! Comprei o antibiótico (em torno de 70 dólares) e me dei conta de que nem saber voltar para casa eu sabia. Vcs não imaginam o frio que estava fazendo... Mas como Deus cuida bem das crianças, bêbados e turistas adoentados, o ônibus que eu havia tomado para ir à clinica passou rápido, e ele tinha um ponto relativamente perto de onde eu estou morando. Depois disso tudo só um banho e uma cama quentinha...
Na terça-feira passei o dia na cama, sem comer nem beber quase nada, só rezando para que o antibiótico fizesse efeito e pensando se devia ou não voltar para o Brasil. Quanto às aulas de inglês, sem a mínima chance de comparecer.

Na quarta-feira , sem nenhuma melhora efetiva resolvi ir para o hospital, porque já estava ficando desidratada. Mas ao acionar o plano de assistência medica sabe o que eles me disseram: que eu precisava de um relatório médico de encaminhamento para emergência! E o pior é que eles queriam me mandar de volta para aquela clinica longe para depois de não sei quantas horas eu conseguir o tal do relatório para só então ir para o hospital. Bateu um desespero danado, pois depois de 2 dias sem comer nem beber direito, eu não tinha forças para me arrastar para aquela clinica de novo, e depois ir para um hospital só Deus sabe onde. Então a Laara, minha homestay entrou na parada e falou com o pessoal da intercare que eu não tinha a mínima condição de ir naquela clinica que ela iria me levar na clinica próximo a casa dela e eles que dessem um jeito para acertar com essa clinica. O pessoal do intercare resolveu tentar, e graças a Deus e a Laara, fui atendida na clinica próxima de onde eu estava. O atendimento nessa clinica foi rápido e finalmente fui encaminhada para a emergência, acompanhada do maledito relatório de encaminhamento.

No hospital, depois de duas horas de espera, eles me colocaram no soro, me deram um remédio para baixar a febre (em torno de 39,5°C a essa altura), antibiótico intravenoso e finalmente fizeram uma drenagem (pequenos cortes) na minha garganta, para aliviar a inflamação. Sem a drenagem, os papeis que assinei apresentavam uma conta de 800 dólares canadenses. Com a drenagem, nem imagino para quanto foi essa conta.

Comecei a perceber que os procedimentos que os médicos adotaram foram efetivos na já na noite de quarta-feira, qdo pela primeira vez consegui dormir e respirar bem. Na quinta-feira, embora tenha continuado de cama, comecei a me alimentar novamente. Nesse processo, é importante dizer que a Laara esteve comigo o tempo todo, me levando para cá e para lá de carro. Só posso agradecer a Deus a presença desse anjo nesse momento delicado...

Aprendi algumas lições com essa história e gostaria de compartilhar:

- Nunca, jamais, em hipótese alguma, viaje sem um plano de assistência medica internacional. Pode ser que vc nunca venha a usar, mas se precisar de atendimento, a facada será inesquecível...

- Sempre que vc for ao médico no exterior e ele mencionar que talvez vc precise de ir para o hospital caso não melhore, peça a ele para lhe dar um relatório de encaminhamento. Alias, sempre que for atendido via seu seguro de saúde, peça esse relatório sobre sua condição e ações recomendadas. É melhor se prevenir da burocracia.

- Caso vc venha a fazer um curso no exterior, dê um intervalo de pelo menos 48 horas entre o dia da sua chegada e o dia de inicio do curso. Lembre-se, além da longa viagem, vc precisa se habituar com o novo fuso e clima, e pode ser muito extenuante ter atividades a ser cumpridas logo de cara...

- Prepare seu organismo o máximo possível para a desgastante viagem. Se possível, inicie suas férias uns dois dias antes da viagem, para que vc possa descansar um pouco e recarregar as baterias. Tomar vitamina C ou/e um complemento de vitaminas, se não ajudar, pelo menos não vai atrapalhar...

- E reze, pois por mais que a gente não aceite, a verdade é que nossa vida não esta sob o nosso controle e mais cedo ou mais tarde somos forçados a encarar o qto nossos planos valem pouco diante dos planos do ‘universo’...

O importante é que agora estou bem, e certamente tive a oportunidade fazer turismo em locais pouco convencionais, como um hospital, vivenciando o dia-a-dia das pessoas da cidade no que diz respeito à saúde. Também tive a oportunidade de aprender e rever algumas palavras relacionadas a minha condição tais como: fever (febre), infection, throat (garganta), swallow (engolir), swollen (inchado), sore (machucado – adjetivo), cut (machucado – substantivo), pain (dor), antibiotic...

Finalmente, o que fica disso tudo é que, qualquer que seja a circunstância a gente sempre pode e deve aprender algo, a fim de que possamos sair da situação que nos fragilizou melhores e mais fortes...

PS: Boas vibrações ai do Brasil são sempre bemvindas...

2 comentários:

  1. Putzz mana, você deve ter sofrido demaissss hein!
    Fiquei horrorizada com o acontecimento... Mamãe estava aqui quase morrendo de preocupação e disse que está fazendo novena pra dar tudo certo pra você. Você terá que cumprir "altas promessas" quando chegar rsrsrsrsrsrssr !!!! Mas que bom que você melhorou. Já está falando inglês fluente ? Se quiser, pode treinar comigo quando chegar, meu inglês é simplesmente THE BEST.
    Espero que os furacões do Alabama não cheguem até aí ! (hehehehe) aí seria azar demais né !!! rsrsrsrsrsrs brincadeirinha hein. kkkkk

    Stay with GOD and keep sending news !
    KISSES

    ResponderExcluir
  2. Oi, princesa!!
    Quando o seu irmãozinho (Ademir) me disse que vc teve problemas de saúde, acessei imediatamente o seu blog para me inteirar. Fico feliz em saber que vc já está melhorando e em perceber que - apesar dos aborrecimentos - seu texto continua leve, bem humorado e muito rico em informações úteis. Ler você foi como descobrir um quarto e secreto capítulo da saga de Lilian Gilbert (Comer, Rezar, Amar...), retirado por mergulhadores do fundo frio e escuro do mar de Vancouver, chamado Adoecer com direito a uma reprise da fase Rezar que estamos escrevendo a centenas de mãos daqui do Brasil para que tudo dê certo para você. De resto, fica comigo uma estimulante interrogação: com tantos verbos interessantes por aí, o que virá depois nessa epopéia de novas experiências?
    Se a minha condição de viajante do cerrado mineiro, grotões e campinas de Abaeté, cidadelas do Vale do Jequitinhonha e outras paisagens que nunca levariam ninguém a abrir um blog me permite, registro uma sugestão: Que tal Surpreender(-se)???
    Um beijo,
    José

    ResponderExcluir